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CRÍTICA DE CINEMA


Moro no Brasil
(Moro no Brasil / Sound of Brazil, Alemanha, Brasil, Finlândia, 2002)

Jorge Tadeu da Silva

 

Pronto desde 2002 e já lançado na Europa, o curioso documentário “Moro no Brasil”, do finlandês radicado no país Mika Kaurismaki, procura mapear as origens do mais brasileiro dos ritmos, o samba. No final, ele não segue o objetivo à risca, optando por mostrar a impressionante diversidade musical brasileira.

Kaurismaki inicia sua trajetória em Águas Belas (PE), onde encontra as raízes indígenas do batuque sambístico entre os “fulni-ôs”. Dessa origem indígena, que muitos brasileiros mesmo devem desconhecer, o diretor prossegue a viagem musical em Caruaru, onde apresenta as bandas de pífanos e os forrozeiros, como Silvério Pessoa e Jacinto Silva (que morreu pouco depois das filmagens).

Em Recife, encontra a matriz negra do samba nos maracatus, dos tipos rural ou nação, este último, fonte da impactante bateria das modernas escolas de samba.

Antônio Nóbrega introduz o frevo e Zé Neguinho do Coco o ritmo que está no seu nome, o coco. A dupla Caju e Castanha desfia a maestria frenética da embolada, garantindo estar nela a raiz de gêneros como o rap. Caju é outra baixa do filme, morrendo pouco depois de seu depoimento e sendo substituído na dupla por seu filho, Cajuzinho.

O balé afro do grupo Majé Molé, os afoxés e o candomblé baianos são a próxima parada desta viagem musical.

Da Bahia, através da cantora Margareth Menezes, vem uma das definições do filme: a mistura é a marca da música e do país, um enorme caldeirão étnico e rítmico, que Kaurismaki capta nos sons e nos rostos de pessoas nas ruas por onde passa. Uma diversidade que se mostra certamente fascinante para ele, um finlandês vindo de um país frio e monocromático em termos raciais.

Aportando no Rio de Janeiro, Kaurismaki destaca tanto veteranos como Walter Alfaiate e a Velha Guarda da Mangueira quanto a revelação, Seu Jorge, sem esquecer de colocar uma pitada de funk através da presença de Ivo Meirelles.

Não é um mapa completo nem definitivo da música brasileira. Tem um indiscutível olhar estrangeiro, que nem o diretor tenta esconder.

Às vezes, parece um pouco didático ou tenta ser. Natural, porque se trata de uma co-produção internacional (entre o Brasil, a Alemanha e a Finlândia) com visível interesse na colocação do filme em outros mercados.

Mas nem por isso perde o mérito de registrar uma visão abrangente e amorosa sobre o país, ao qual Kaurismaki parece apegado de forma sincera.

 

Curiosidades

* O diretor Mika Kaurismäki vivia no Brasil há 10 anos quando realizou Moro no Brasil.

* Foram percorridos 4 mil quilômetros durante as filmagens, visitando os estados de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro.

* Propositalmente, “Moro no Brasil” não conta com nenhuma estrela da música brasileira conhecida internacionalmente.

* As músicas inseridas em “Moro no Brasil” têm suas letras traduzidas para o inglês em legendas, como forma de atrair o público internacional.

* Exibido na mostra Panorama, do Festival do Rio 2003.

 

Ficha Técnica:

Moro no Brasil

(Moro no Brasil / Sound of Brazil, Alemanha, Brasil, Finlândia, 2002)

Elenco: Walter Alfaiate, Velha Guarda da Mangueira, Seu Jorge, Margareth Menezes.

Roteiristas: Mika Kaurismäki e George Moura.

Diretor: Mika Kaurismäki.

Gênero: Documentário.

Duração: 105 min.

Produtoras: Magnatel TV GmbH, Marianna Films, Lichtblick Film- und Fernsehproduktion, TV Cultura, Yleisradio (YLE).


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Janeiro / 2006
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